#algarve2020 || EM DESTAQUE || OUTUBRO 2021

O Desafio é português e europeu. Até 2025, os 27 países da União Europeia querem acertar o passado para a Era Digital. Estado, empresas e cidadãos têm 4 anos para se preparar. As escolas correm no pelotão da frente. Em Portugal, o programa desenhado para garantir a equidade no acesso a ferramentas digitais de qualidade no ensino tem 400 milhões para investir.

Não é caso único no Algarve. A Escola Básica do 2º e 3º Ciclos Diamantina Negrão, em Albufeira, tem menos de 600 alunos, mas é uma espécie de Torre de Babel. Há estudantes de mais de 20 nacionalidades, muitos provenientes de famílias modestas, sem literacia digital.

“Minimizar os efeitos da barreira linguística, cultural e socioeconómica é um dos cavalos de batalha da estratégia nacional e europeia, no âmbito da Educação Digital e é também a preocupação do nosso agrupamento”, explica Vítor Ferraz, o diretor. As alterações impostas pela pandemia, que obrigaram ao teletrabalho e ensino à distância, puseram a descoberto as fragilidades de parte da comunidade educativa.

Transição na escola e nas famílias

Entre os projetos do agrupamento, está a intenção de levar a cabo ações formativas que possibilitem aos pais dos alunos adquirirem algumas competências digitais básicas. “Boa parte dos nossos serviços administrativos já estão em transição. É possível pedir certidões online, carregar cartões e fazer pagamentos através de uma plataforma eletrónica. O caminho online é o futuro”, acrescenta. As famílias não podem ficar para trás.

Desde o final do ano letivo anterior que 97% das escolas portuguesas têm em curso o processo de elaboração dos seus Planos de Ação para o Desenvolvimento Digital das Escolas (PADDE). Na prática, é uma espécie de mapa para guiar as instituições nesta fase de transição.

O mapa que desenha o futuro

“O PADDE pretende levar as escolas a refletir e intervir em três domínios essenciais”, esclarece José Vítor Pedroso, diretor-geral de Educação. “No domínio organizacional, implementar estratégias eficazes ao nível das lideranças, do trabalho colaborativo e desenvolvimento profissional de pessoal docente e não docente; ao nível pedagógico, desenvolver e aplicar pedagogias enriquecidas por tecnologia, ao nível do desenvolvimento curricular e avaliação, das práticas pedagógicas e da utilização de recursos educativos digitais; e na dimensão tecnológica e digital, enriquecer as infraestruturas das escolas, os equipamentos, o acesso à Internet​ e a plataformas digitais.”

Há 400 milhões de euros para assegurar que o caminho é feito. Verbas para adquirir hardware e software, desenvolver as competências digitais dos docentes, dos alunos e das famílias, desmaterializar os manuais escolares em suporte de papel e construir, então, o PADDE.

“Desde 2009 que o investimento em equipamentos e infraestruturas digitais tem sido menos expressivo, apesar da formação e capacitação de docentes ter tido sempre um forte investimento por parte do Ministério da Educação”, acrescenta o responsável pela DGE. “Há um conjunto de ações que estão a ser levadas a cabo nas escolas, nomeadamente a disponibilização faseada de equipamento individual a alunos e professores; a garantia de conectividade móvel gratuita para alunos e professores ou o acesso a recursos educativos digitais de qualidade, como por exemplo manuais digitais e repositórios de recursos”.

Salas com ecrans LED e Smart TV

No caso da EB 2,3 Diamantina Negrão, em Albufeira, além das obras de um novo bloco de salas e balneários e da melhoria das condições físicas do espaço, a intervenção no âmbito da escola digital foi também uma realidade neste arranque de aulas. “Temos um projeto-piloto que substituiu os projetores da sala por ecrãs Led de 65 polegadas. O acesso à smart tv permite, por exemplo, a conexão com tablets, facilitando a apresentação de materiais que podem assim ser projetados no ecrã”, explica o diretor.

A colaboração entre a DGE e os Centros de Formação das Associações de Escolas (CFAE) tem permitido acompanhar e apoiar as escolas, sobretudo através da ação dos 91 Embaixadores Digitais, alocados a cada um dos CFAE.” Este Embaixador Digital tem, entre outras atribuições, a função de acompanhar as Equipas de Desenvolvimento Digital de cada Agrupamento na elaboração e implementação dos respetivos PADDE.

A este nível, a DGE conta ainda com o apoio e a colaboração dos seus Centros de Competência TIC, trabalhando em estreita articulação com os Embaixadores Digitais, na concretização das diversas ações deste Plano”, acrescenta José Vítor Pedroso.

Em curso, está o desenvolvimento de uma plataforma de monitorização, para que a DGE possa ter uma visão completa e alargada da implementação do Plano, de modo a intervir em áreas que denotem fragilidades. “Para a avaliação das diversas ações deste Plano, a DGE irá desenvolver o processo para o envolvimento de uma entidade externa para aferir a concretização, a eficácia e o impacto do programa nas comunidades educativas”.

O empurrão da Pandemia

De acordo com Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE), antes da Pandemia, menos de 40% dos educadores em toda a UE sentiam-se à vontade para utilizar tecnologias digitais no Ensino; mais de um terço dos jovens entre os 13 e os 14 anos não possuíam o nível de proficiência mais básico em competências digitais, de acordo com o Estudo Internacional sobre Literacia Informática e da Informação, em 2018; um quarto dos agregados familiares com baixos rendimentos não tinha , em 2019, acesso a computadores, nem à banda larga; as divergências em toda a UE são impactadas pelo rendimento dos agregados familiares.

Para dar resposta às necessidades emergentes, durante os anos letivos 2019/20 e 2020/21, o Ministério da Educação (ME) preparou um conjunto de estruturas e iniciativas de apoio ao desenvolvimento do Ensino à Distância.

“Conscientes de que as condições de acesso não são iguais para todos os alunos, o ME incluiu, nas suas recomendações, a disponibilização de materiais de trabalho em suportes não digitais, de forma a dar cumprimento ao princípio constitucional da universalidade da educação.

Sobre este assunto, a Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, em articulação com a DGE, desenvolveu a plataforma RETEC, para garantir a logística de doação de computadores, diligenciando a sua atribuição e envio às escolas em função das necessidades apresentadas na referida plataforma.

Foi estabelecida uma articulação com as autarquias, facilitando a atribuição de equipamento informático por estas aos alunos de diferentes escolas dos respetivos concelhos.

O ME organizou, ainda, um conjunto de iniciativas, em colaboração com diversos parceiros de referência, das quais se destacam um website de apoio às escolas (https://apoioescolas.dge.mec.pt/https://estudoemcasa.dge.mec.pt/https://www.youtube.com/channel/UCDM1UhWp9gUPSGWMXP6EwWQhttps://www.dge.mec.pt/noticias/formacao-para-docencia-digital-e-em-rede).

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