Se é certo que o Turismo é o grande motor da economia da Região do Algarve, também é certo que, para além da diversificação da base económica da região, também é necessário requalificar o próprio setor do Turismo, conferindo-lhe capacidade de atrair novos turistas, todos os meses do ano e a aposta na Cultura tem sido crucial.

“O Algarve tornou-se uma referência nacional, uma espécie de manual de boas práticas, no que diz respeito ao aproveitamento dos fundos europeus na área da cultura, requalificando património – material e imaterial –, o que tem, necessariamente, impacto na economia regional e nacional e na vida das populações residentes”, as palavras da Senhora Secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, durante a sessão de encerramento da Jornada de Trabalho dedicada ao Impacto dos Fundos Comunitários na Cultura e no Património Cultural, promovida pela Autoridade de Gestão do Programa Operacional -CRESC ALGARVE 2030 e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em parceria com o Município de Lagos e com a Direção Regional de Cultura.

O encontro decorreu no Museu de Lagos Dr. José Formosinho (um dos equipamentos requalificados, com um investimento total na ordem dos 7 milhões e duzentos mil euros, com uma comparticipação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de cerca de 2 milhões e 700 mil euros e cuja requalificação mereceu uma menção honrosa por parte da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) e reuniu vários agentes culturais, turísticos e decisores políticos que, durante toda a tarde, revisitaram parte dos projetos financiados com fundos comunitários e o impacto social e económico que já possível aferir destes investimentos, e que permite prospetivar a continuação da aposta na Cultura no âmbito do próximo programa ALGARVE 2030. 

Para José Apolinário, Presidente da CCDR Algarve, “a região tem um Património Natural e Cultural imenso que, durante anos, repousou no Sol e Mar, que é, efetivamente, o grande fator diferenciador do Algarve. Apostar na requalificação e modernização do Património Cultural, construindo narrativas autênticas e atrativas, a par com uma programação consistente e com variável geográfica das indústrias criativas, permite, não só, melhorar de forma substancial a vida da população residente, mas também requalificar o Turismo, garantindo visitantes durante todo o ano. Conquistando novos turistas que, para além do Sol e Mar, aqui encontram outros motivos de interesse”. 

O presidente da CCDR Algarve evocou os grandes impactos regionais que os dos investimentos na área da Cultura e Património Cultural têm conseguido, apontando, desde logo, para a criação de mais emprego e para a estabilidade na procura hoteleira, de restauração e de outros serviços, “garantindo que não haja distinção entre época baixa e época alta e valorizando tanto o litoral, como o interior da Região”, disse. 

José Apolinário, aproveitando a presença de representantes do Governo, mas também de vários autarcas, reiterou que a Cultura vai continuar a ser uma das mais fortes apostas no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, mas lembrou o princípio da adicionalidade que caracteriza os investimentos europeus: “a ideia é que acrescentem, que fortaleçam os investimentos, que devem, em primeira linha, ser assumidos quer pelas entidades nacionais e concelhias, sejam públicas ou privadas”, afirmou o Presidente da CCDR Algarve.

MUSEU MUNCIPAL DE LAGOS: UM EXEMPLO DE REQUALIFICAÇÃO E QUE QUER EVOLUÇÃO CONSTANTE

Já o Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, mostrou-se bastante satisfeito pela iniciativa estar a decorrer no seu Concelho: “Considero que esta escolha evidencia que estamos a fazer bem e que a nossa aposta na Cultura está, desde já, ganha. Este Museu, de que muito nos orgulhamos, é a melhor prova disso, sendo que nele queremos continuar a investir, porque os museus são evolutivos e este, em particular, tem matéria para crescer através da criação de novos polos, disseminados pelo Concelho, nunca perdendo de vista a vontade de que todos, mesmo os que têm necessidades especiais ao nível, por exemplo, da visão e da audição, possam dele usufruir. Continuaremos a apostar na área cultural como fator crucial de desenvolvimento de Lagos e, para tal, é verdade que continuaremos a contar com o apoio dos Fundos Europeus”, afirmou. 

Na sessão de trabalho dedicada aos Investimentos com Fundos Europeus na Cultura e Património Cultural foram apresentados o projeto Banhos Islâmicos e Casa Senhorial dos Barretos (Loulé), o Projeto Revelim e Castelo (Castro Marim), o projeto da Sé (Silves), o Projeto de requalificação do Cine-Teatro António Pinheiro (Tavira), o projeto dos Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão) e o Projeto Bezaranha, Cultura em Rede, da responsabilidade da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL). 

Houve tempo também para prospetivar os desafios desta área para o curto/ médio prazo, sendo as várias intervenções* convergiram na necessidade de continuar a requalificar património, de trabalhar em rede, de internacionalizar, de concertar estratégias com o setor do turismo e de basear toda a estratégia na sustentabilidade. 

*Antónia Correia (Investimentos Locais de Interesse cultural e seu impacto no Turismo); Alexandra Rodrigues (Turismo e Cultura: Uma Parceria para a qualificação do Território); José Gameiro (Museus em Rede à escala regional e Temática) e Rui Parreira (Investimentos em locais de interesse cultural e sua sustentabilidade). 

NOTA AO EDITOR: No âmbito do Programa ALGARVE 2020, através do eixo Património Natural e Cultural foi disponibilizado um montante de cerca de 53 milhões de euros, que permitiu o desenvolvimento de 47 operações, entre elas, as apresentadas nesta sessão de trabalho.